As alunas do 9º ano da Unidade Mananciais apresentaram na manhã da segunda-feira, 25 de junho, o resultado do trabalho que desenvolveram desde o mês de maio para analisar os micropoluentes do Rio Belém e consequente despoluição do Rio Belém. A ação foi a etapa final do Projeto de Educação Ambiental para o correto descarte de medicamentos desenvolvido em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana (PPGTU) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC) e coordenado pela engenheira ambiental e mestranda do Nicole Santos Accioly Rodrigues da Costa e pelo professor Harry Alberto Bollmann. A apresentação foi feita por três equipes que utilizaram pôsteres para mostrar o resultado do trabalho e as consequências para o rio, para a fauna e flora aquática e para as pessoas do descarte de medicamentos em locais como vasos sanitários e pias. A análise dos trabalhos foi feita pela banca formada por Nicole, pelo professor Harry e pela coordenadora pedagógica da Unidade, Teresa Perri. “Trabalhamos desde 2015 na questão do micropoluentes aquáticos, em especial os fármacos, nos rios, e verificamos que a participação de alunos na conscientização da comunidade faz toda a diferença”, conta o professor.

Nas etapas de análises da fitotoxicidade da água coletada, as alunas perceberam maior quantidade de analgésicos, antibióticos e antidepressivos. Pesquisaram literatura sobre o assunto e descobriram consequências preocupantes, como uma pesquisa de 2014 realizada em rios do Canadá e dos Estados Unidos que mostrou que os antidepressivos descartados na rede de esgoto provocavam alterações na fase larval de girinos, em embriões de peixes e descolamento da estrutura dos caracóis. “Todo o projeto foi muito importante para entendermos como é sério esse assunto e incentivarmos as pessoas a não descartarem em locais errados seus medicamentos vencidos”, diz a aluna Fernanda Sophia Moraes Laroca.

As alunas coletaram medicamentos vencidos no colégio e distribuirão informativos para a comunidade sobre o correto descarte nas farmácias preparadas para receber esse tipo de material. Em agosto, o Colégio do Bosque Mananciais e outras duas instituições que participaram desse projeto farão a apresentação final na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC PR).

Esse trabalho faz parte de um projeto de cooperação internacional, denominado Water Environment Monitoring Science Initiative (WEMSI), que conta com a parceria da PUC PR, da Glasgow Caledonian University e da Universidade Federal do ABC, em São Paulo.

Desde o início do projeto, as alunas tiveram aulas teóricas com Nicole e participaram de diversas atividades práticas de monitoramento do Rio. Utilizaram o kit de monitoramento participativo da qualidade das águas de rios, analisaram os resultados, fizeram a coleta da água nas margens do rio e ainda realizaram análises físico-químicas no laboratório móvel da PUC, que foi até o colégio.

Sobre o descarte de medicamentos - O Paraná e sua capital possuem legislação própria relacionada à logística reversa de medicamentos. A lei estadual é de número 17.211, de 03 de julho de 2012, que está regulamentada pelo decreto n. 9213, de 23 de outubro de 2013. Já a municipal é a de número 13.978, de 30 de abril de 2012.

Apesar dessas leis já estarem em vigor, a maior parte da população ainda não entende a responsabilidade compartilhada, assim como muitas farmácias de Curitiba ainda não recebem os medicamentos. Dessa maneira, com a conscientização da população - que nesse caso, são os alunos – a intenção dos pesquisadores é disseminar a ideia, atuando, consequentemente no aumento da demanda dos resíduos coletados nas farmácias que já possuem o sistema, incentivando as farmácias que não possuem os totens de coleta dos medicamentos em desuso a entrarem no programa de logística reversa municipal.

Com 17 km de extensão, o Rio Belém possui nascente e foz localizadas dentro do município de Curitiba e é um dos mais importantes da cidade.