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O PAI: sua importância e seu legado
Psicóloga Lélia Cristina de Melo aborda esse tema importante no artigo de agosto
01Ago
2019
A SACRAMENTALIDADE do papel do pai é tão inquestionável na formação dos filhos que sua ausência, ou minimização, deixam marcas irreversíveis.
Associando níveis crescentes de divórcios e nascimentos fora do casamento, com o aumento de distúrbios psico-sociais, governos, líderes religiosos e profissionais da saúde e educação, estão convocando os homens a assumir maior responsabilidade na educação dos filhos, enfatizando que está na hora do pai “voltar para casa” (mesmo que já esteja nela). Não um pai de final de semana, não um vice-mãe ou um segundo tutor, mas o progenitor forte, o representante da lei moral e da segurança, a autoridade, o modelo de caráter, o porto seguro da mulher e dos filhos.
A história demonstra que os filhos e filhas precisam, como uma necessidade natural, de uma figura paternal simultaneamente forte e afetiva, com suas leis claras, convicções sólidas, discernimento crítico e posicionamentos firmes. Eles precisam do seu herói, ainda que seja de maneira silenciosa e inconsciente.
“O papel do pai – dê espaço para ele”, foi a manchete de uma revista brasileira em que se destaca a interferência excessiva da mãe na relação do pai com os filhos. É fundamental que haja um relacionamento íntimo e real, de profundo interesse e efetiva participação do pai na vida dos filhos, mesmo nos eventos mais triviais.
A sustentabilidade que o pai confere ao lar, nenhum prestígio na vida pública pode compensar. Sua missão na família é definidora, e recuperar o seu posto, uma exigência crucial.
Ainda que o mundo profissional o solicite, a família é o seu aporte primeiro, e é lá que ele deve ser o que ninguém mais pode.
Mas nem todo pai serve. Imprescindível, é o pai afetivamente presente, moralmente comprometido e que ama a mãe dos seus filhos.
São os pais, diferentemente das mães, que proporcionam mais segurança às crianças, ele é mais lúdico, faz brincadeiras mais criativas, toca-as mais fisicamente e permite mais aventuras, o que as ajuda a lidar com suas emoções, a perder o medo e ter mais ousadia. É ele que imprime marcas importantes na construção da personalidade dos filhos: meninos e meninas.
Os defeitos deste pai bom e comprometido nunca serão obstáculo para o amor, a admiração e a respeitabilidade da sua prole. Os filhos percebem também que o pai erra querendo acertar. Ele só não pode ser omisso/neutro/inexpressivo ou agressivo/violento. A grande “sacada” é compaginar razão e disciplina com ternura e diálogo.
Em um século tão desmasculinizado, numa sociedade tão sem pai (39% dos lares são monoparentais, chefiados pela mãe ou avó), sabemos que muitos exercem uma paternidade verdadeira e eficaz, marcadamente envolvida com os filhos e ativos na sua missão.
Polaino-Lorente, catedrático em Psicopatologia, refere-se às modificações que há de fazer o homem, desfazendo-se dos rígidos e equivocados estereótipos que a sociedade impôs à afetividade masculina, para atuar de forma sadia na educação emocional dos filhos.
Neste âmbito (emocional), um bom pai é afetuoso com seus filhos meninos (beija, abraça) e interessa-se pelos assuntos de suas filhas meninas, em qualquer idade que estejam. É indicado estar todos juntos muitas vezes, como também estar a sós com cada filho e com cada filha, a fim de oportunizar as frutuosas conversas que esta intimidade promove. E nenhum assunto pode ser considerado tabu quer seja com eles ou com elas. Ninguém melhor do que um pai para ouvir e iluminar as facetas da vida daqueles que dele dependem.
Nunca termina a capacidade de se melhorar como pai, afinal, cada filho que nasce é tão irrepetível! Não é preciso posar de infalível, pelo contrário, suas lutas e suas fragilidades são oportunidade de ouro para ensinar e, se for preciso, pedir perdão e recomeçar, sem medo de ferir a autoridade, porque a respeitabilidade se situa na sinceridade.
Vale a pena ser herói na intimidade e ganhar medalhas dos filhos, afinal, não basta ter filhos, tem que ser pai; além do mais, os filhos reconhecem a paternidade de Deus, olhando a paternidade do seu pai.
Lélia Cristina de Melo - Psicóloga Clínica e Orientadora familiar
CRP 08/02909
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