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Virtude do mês de abril: OBEDIÊNCIA

Educação Infantil e 1o. ano do Ensino Fundamental

31
Mar
2022

 

 

Reflexões sobre a virtude da Prudência/Obediência 

 

Para nortear as nossas aulas de formação humana do mês de abril, seguem abaixo algumas informações sobre a virtude que vamos estudar: a Prudência e sua parceira, a Obediência. 

“As virtudes humanas são atitudes firmes, disposições estáveis, perfeições habituais do entendimento e da vontade que regulam nossos atos, ordenando nossas paixões e guiando-nos segundo a razão e a fé. Propiciam, assim, facilidade, domínio e alegria para levar uma vida moralmente boa” (Catecismo, 1804). Estas “são adquiridas humanamente; são os frutos e os germes de atos moralmente bons” (Catecismo, 1804). 

Entre as virtudes humanas há quatro chamadas cardeais porque todas as demais se agrupam em torno delas. São a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança (cfr. Catecismo, 1805). 

A prudência “é a virtude que dispõe a razão prática a discernir, em qualquer circunstância, nosso verdadeiro bem e a escolher os meios adequados para realizá-lo” (Catecismo, 1806). É a “regra reta da ação”. 

A prudência é a capacidade que algumas pessoas têm de analisar as variáveis existentes e avaliar suas possíveis consequências antes de adotar uma decisão. Normalmente é sinônimo de sensatez, moderação, cautela, maturidade e reflexão. 

Muitos pensadores se referem à prudência como uma das grandes virtudes do ser humano. Trata-se de um valor difícil de forjar, e que não se consegue por mera aparência, mas que está intimamente relacionado à forma de agir.


 

É muito difícil manter a calma e ter um momento de reflexão antes de adotar qualquer tipo de decisão. A maioria dos erros cometidos está associada à falta de prudência. A precipitação, a submissão às emoções, o mau humor e a percepção de forma equivocada da realidade são, sem dúvida, o berço para inúmeros desacertos. 

“O sábio de coração será chamado prudente”, lê-se no livro dos Provérbios. Não entenderíamos a prudência se a concebêssemos como pusilanimidade e falta de audácia. A prudência manifesta-se no hábito que predispõe a atuar bem: a clarificar o fim e a procurar os meios mais convenientes para alcançá-lo. 

Mas a prudência não é um valor supremo. Temos de perguntar-nos sempre a nós mesmos: prudência, para quê? Porque existe uma falsa prudência - que devemos chamar antes de astúcia -, que está a serviço do egoísmo, que se serve dos recursos mais adequados para atingir fins tortuosos. 

São Tomás de Aquino aponta três atos desse bom hábito da inteligência: pedir conselho, julgar retamente e decidir. O primeiro passo da prudência é o reconhecimento das nossas limitações: a virtude da humildade. É admitir, em determinadas questões, que não aprendemos tudo e que, em muitos casos, não podemos abarcar circunstâncias que não devem ser perdidas de vista quando precisamos fazer algum julgamento. Por isso nos socorremos de um conselheiro. Não de qualquer um, mas de quem for idôneo e estiver animado com os nossos mesmos desejos sinceros de amar a Deus e de O seguir fielmente. Não basta pedir um parecer; temos que dirigir-nos a quem no-lo possa dar desinteressada e retamente. 

Depois, é necessário julgar, porque a prudência exige habitualmente uma determinação pronta e oportuna. Se algumas vezes é prudente adiar a decisão até que se completem todos os elementos de juízo, outras seria uma grande imprudência não começar a pôr em prática, o quanto antes, aquilo que vemos ser necessário fazer, especialmente quando está em jogo o bem dos outros. 

São Josemaria Escrivá sempre procurou transmitir duas atitudes em relação à prudência. A flexibilidade para saber adaptar-se a cada situação, sem se deixar atar à rigidez de uma “estéril casuística” (Amigos de Deus, 222), que no fundo procede da soberba ou de um medo exagerado de errar. E a disposição de retificar. “Não é prudente quem nunca se engana, mas quem sabe retificar os seus erros” (Amigos de Deus, 88). “Há coisas que fazes bem, e coisas que fazes mal. Enche-te de contentamento e de esperança pelas primeiras; e enfrenta – sem desalento – as segundas, para retificar” (Sulco n.68). 

A capacidade de decidir e agir com segurança e paz, faz da pessoa prudente um amigo da verdade, que ajuda com suas atitudes a vida dos outros que estão à sua volta, corrigindo quando necessário e alertando sobre os deslizes perigosos. 

“Esconde-se um grande comodismo - e, por vezes, uma grande falta de responsabilidade - naqueles que, constituídos em autoridade, fogem da dor de corrigir, com a desculpa de evitar o sofrimento aos outros. Talvez poupem desgostos nesta vida..., mas põem em risco a felicidade eterna - a sua e a dos outros - pelas suas omissões, que são verdadeiros pecados.” (Forja, 577) 

Portanto, quando na nossa vida pessoal ou na dos outros percebermos alguma coisa que não está certa, podemos e devemos prestar ajuda com bons conselhos e orientações. Uma das manifestações claras de prudência consiste em aplicar o remédio conveniente, a fundo, com caridade, com fortaleza e com sinceridade. Não têm cabimento as inibições. É errado pensar que os problemas se resolvem com omissões ou com adiamentos. E isso é o exercício da autoridade de pais e professores em relação aos seus pequenos formandos. É também, para quem recebe a orientação, um ato de obediência que segue os bons conselhos do seu mestre prudente e assim continua no caminho das boas obras. 

“Só serás bom se souberes ver as coisas boas e as virtudes dos outros. – Por isso, quando tiveres de corrigir, faz-o com caridade, no momento oportuno, sem humilhar... e com vontade de aprender e de melhorares tu mesmo naquilo que corriges.” (Forja, 455) 

 

Dez dicas para educar os filhos/ alunos para a prudência: 

(algumas dicas se referem aos filhos mais velhos, mas podem já ir norteando a nossa conduta e formando o nosso ideal de educação.) 

Retirado de:  https://www.semprefamilia.com.br/educacao-dos-filhos/dicas-para-educar-filhos-para-a-prudencia/ 

 

1. Preocupe-se com a habilidade de leitura dos seus filhos: ser prudente requer lidar com informação. A leitura, portanto, é uma ferramenta indispensável. 2. Ajude as crianças a desenvolver a sua capacidade de observação: essa 

habilidade é muito importante para que eles possam compreender com profundidade situações envolvendo relações entre pessoas. 

3. Crie situações em que as crianças precisam aprender a escutar: de novo, a necessidade de se informar está em jogo. Ouvindo bem as pessoas, adquirimos muitas informações. 

4. Ajude seus filhos, a partir da adolescência, a distinguir entre fatos e opiniões: ele precisa saber analisar o que é importante e o que é secundário. A prudência é uma virtude que requer o desenvolvimento da capacidade crítica. 

5. Ajude os jovens a reconhecerem seus próprios preconceitos: é desta maneira que eles conseguirão desenvolver uma visão mais objetiva da realidade. 

6. Auxilie os jovens a reconhecer quais fontes de informação são confiáveis: é que eles precisam aprender a reconhecer quem fala com propriedade sobre temas importantes.

7. Instrua seus filhos sobre como opinar: faça com que os seus filhos entendam que precisam ter a informação necessária para formular uma opinião sobre algum tema. Além, claro, de ponderarem sobre o que dirão e como. 

8. Aproveite as oportunidades para treinar a memória dos seus filhos: sem uma boa memória, será difícil agir com prudência, já que as informações necessárias para tomar decisões ficarão para trás. 

9. Auxilie as crianças a serem criteriosas: conduza-os para que pensem nos critérios que utilizam para tomar uma atitude ou uma decisão concreta. 

10.Lembre os jovens das consequências: reforce aos jovens que eles devem atuar de acordo com as consequências das decisões que eles mesmos tomaram. 


 

E a obediência? 

 

Obediência é um substantivo que define a ação de quem obedece, de quem é dócil ao seu mestre. Uma pessoa que segue, cumpre e cede às vontades ou ordens de alguém, por entender que aquela pessoa o ajuda a encontrar o bem. 

Esta expressão é utilizada para qualificar a condição de quem está disposto a obedecer. A obediência é considerada um ato de conformidade perante ordens recebidas de alguém, seja uma pessoa, um grupo ou uma instituição. 

A obediência não está na moda. A obediência desperta, em algumas pessoas, a incômoda sensação de ter a própria vontade dominada pelo poder de outra. Ao obedecer, pensam que estão sacrificando sua própria personalidade. Crêem que obedecer suponha a negação da liberdade, da iniciativa, da criatividade. E, precisamente porque têm estas dúvidas sobre a justificativa da obediência, alguns pais permitem a seus filhos todo tipo de licença. 

Mas a obediência (virtude) não é a submissão, se a pessoa obedecesse exteriormente, mas com uma rebeldia interior, não haveria virtude. Há virtude em obedecer quando se cumpre, porque se reconhece a autoridade da pessoa que manda. 

Os pais, professores e formadores devem buscar o desenvolvimento da virtude da obediência em relação aos valores que consideram importantes na vida. Se estes valores são pobres, é provável que a exigência não produza o desenvolvimento da virtude no educando porque este cumprirá por motivos que não incluem o respeito à autoridade. As crianças que não aprendem a reconhecer o valor da obediência quando jovens, terão mais dificuldade de descobri-la e de adquiri-la como hábito. 

 

Os motivos para serem obedientes: 

● Como virtude cristã, obedecer a autoridade legítima é tão importante como obedecer a Deus. 

● A obediência é, também, fonte da verdadeira liberdade. A vontade tende ao bem, mas muitas vezes o entendimento não percebe o que é realmente bom. Somos obrigados a acudir às autoridades competentes para assegurar-nos de que existe uma relação adequada entre o que queremos e o que é realmente bom (relação com a prudência). 

● A criança pequena obedece quando reconhece, intuitivamente, a autoridade de seus pais/professores. 

● Com três ou quatro anos, as crianças desenvolvem sua própria vontade. Se antes “papai sabia tudo”, agora “papai não sabe tanto” e a criança começa a exigir que seus pais a convençam para que obedeça – regras do jogo. 

● Compreender a necessidade das regras do jogo e quando está bem informada do que são estas regras, será mais fácil que cumpra. 

● Aos cinco anos, a criança pode obedecer por um motivo que é válido, para que haja obediência como virtude: a autoridade de seus pais.

● Dos cinco anos em diante, haverá que combinar a exigência direta com os filhos/alunos, com o raciocínio que se exige, de tal modo que a cumpram porque vê que é razoável cumprir. 

● A partir dos treze anos, mais ou menos, convém que a obediência seja consequência de uma atitude reflexiva. Os motivos para obedecer devem coincidir com os valores que os jovens começam a viver mais conscientemente. 

 

É importante ajudar as crianças a reconhecerem a importância de obedecer às autoridades alheias à família (campo específico da obediência). É lógico, portanto, que a autoridade-serviço dos pais seja correspondida pelos filhos, com uma obediência por amor, e que, em troca, a autoridade conferida de outras pessoas seja complementada pela obediência de justiça. 

Trata-se, em ambos os casos, de buscar uma obediência em função da autoridade de outro, não apenas porque a possui (lhe foi conferida), mas também porque a exerce. 

Até os treze anos, aproximadamente, a falta de obediência não costuma provocar problemas muito importantes, porém incomoda, atrapalha o bom andamento do grupo, cansa e em muitos casos, pode produzir um perigo físico importante. Portanto, é importante que a autoridade seja exercida pelos pais ou professores desde sempre, ensinando a obedecerem por motivos mais elevados de convívio social e desejo de conquistar o que é bom, tornando-se assim uma pessoa prudente também.

 

Para pais e professores refletirem sobre sua conduta: 

 

1. Entendo que é necessário contar com autoridades e portanto é necessário obedecer durante toda a vida. 

(Isto ficará claro se reconhecemos que se trata de obedecer em todas aquelas coisas em que não somos autoridades nós mesmos. Também, se reconhecemos que uma autoridade é uma pessoa que defende e protege competentemente valores que outros compartilham). 

2. Aceito as decisões que tomam as autoridades que influem sobre mim contanto que não vão contra a justiça. 

(A obediência é relacional. Se reconheço que existe uma pessoa que tem uma função especial de cuidar de algum valor que eu aceito, o melhor que posso fazer é obedecer - no trabalho, em uma associação, em uma paróquia). 

3. Tento interpretar a vontade de quem manda. 

(A obediência real não é simplesmente cumprir ao pé da letra a lei ou o mandato. Também significa captar o sentido do que foi mandado com o fim de realizar a ação com a máxima qualidade). 

4. Quando recebo uma ordem tento cumprir com a máxima prontidão sem buscar desculpas para adiar o assunto. 

(É fácil inventar motivos para não cumprir com aqueles mandatos que custam um especial esforço, ou que são desagradáveis. Trata-se de tentar detectar aqueles momentos em que tendemos a auto-enganar-nos). 

5. Tento cumprir com o que as autoridades me mandam, assumindo o mandato positivamente em meu interior. 

(É uma obediência muito pobre aquela onde se cumpre exteriormente mas com uma rebeldia interior).

6. Tento obedecer a todas aquelas pessoas que têm autoridade real sobre mim. 

(É fácil terminar obedecendo apenas àquelas pessoas com quem nos simpatizamos, que nos são simpáticas). 

7. Reconheço que as pessoas que têm autoridade em função de valores materiais a perdem quando deixam de ser competentes. 

(Seria insensato obedecer a um motorista que se mostra mau condutor ou a uma pessoa que não frequenta a montanha quanto às medidas de segurança ao se fazer uma escalada). 

8. Reflito sobre os valores imateriais que quero viver e, a seguir, busco autoridades para ajudar-me no caminho. 

(Sempre necessitaremos recorrer a alguma pessoa competente, com o fim de melhorar em nossa vida de fé, em questões de apreciação cultural ou em como viver nossas relações com os demais adequadamente). 

9. Me dou conta de que em uma sociedade permissiva quase o único valor é o bem estar material e, portanto, outros valores tendem a ser ridicularizados. 

(Certamente esta é uma das causas mais relevantes da pouca atenção e aceitação que recebe a obediência na atualidade). 

10. Entendo que obedecer à autoridade legítima é tanto como obedecer a Deus, contanto que não se oponha à justiça e à verdade. 

(O fato de obedecer às autoridades depende em grande medida de que saibamos localizar as autênticas autoridades).

 

Questões para refletir e trabalhar em aula 

● Procuro ter um bom comportamento e escolho boas atitudes? 

● Penso antes de agir? 

● Reflito sobre o meu dia a dia, avalio as minhas atitudes? 

● Faço propósitos para melhorar as minhas atitudes? 

● Colaboro com os meus colegas dando bons conselhos? 

● Peço ajuda e conselhos para meus pais e preceptores? 

● Ouço os conselhos e sigo as orientações? 

● Exerço a paciência esperando a hora certa para agir? 

● Procuro atuar baseando-me nas virtudes cristãs? 

● Sigo as regras da escola e os combinados? 

● O que é ter bom comportamento? 

● Como devo me comportar em determinados lugares? Sala de aula, parque, refeitório, banheiro. 

● O que são boas atitudes? 

● Vamos elencar aqui boas atitudes que podemos ter com os nossos colegas de sala, com as nossas professoras, com os nossos pais, com as funcionárias do Colégio, etc.


 

Questões para refletir e trabalhar em casa. 

(Lembrando que essas questões devem ser avaliadas pelos pais em casa e conversadas em preceptoria com a professora, para alinharem um bom trabalho) 

● Escolho ter um bom comportamento e fazer boas obras? 

● Como ajudo em casa? 

● Cumpro com meus compromissos e encargos? 

● Sigo as regras e combinados? 

● Obedeço aos meus pais? 

● Sei me comportar de acordo com os ensinamentos deles? 

● Tenho carinho e paciência com os meus irmãos? 

● Transmito aos meus irmãos mais novos os ensinamentos que recebo dando bom exemplo? 

● Ajudo meus irmãos e amigos a escolher boas atitudes? 

● Os desenhos e programas que assisto me ajudam a pensar e buscar o bem?

 
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