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O TEMPERAMENTO E AS RELAÇÕES SOCIAIS

Artigo da Psicóloga Lélia Cristina Melo

13
Dez
2019

Sabe-se que o temperamento de cada um é herdado geneticamente e, portanto, supõe tendências e características que durante toda a vida vão se revelar através das atitudes pessoais. É claro que ele sozinho não é responsável pelo comportamento humano, que ganha influências também de outras esferas: família, cultura, religião, costumes e sociedade. Entretanto, é um elemento que, via de regra, surge e ressurge entre as azáfamas do cotidiano.

Cada um dos 4 temperamentos traz qualidades positivas e negativas que favorecem ou dificultam as relações familiares, de amizade e de coleguismo. Para aperfeiçoar essas relações, conhecer bem quem é cada um, tendo expectativas reais e objetivas do seu perfil, ajuda muito no êxito destas relações.

Abaixo, destaco sinteticamente as características de cada temperamento e as suas peculiaridades nas interações sociais.

Pessoas com temperamento colérico nasceram para atuar. Estão sempre ocupadas em qualquer atividade e realizando projetos e novas tarefas. No entanto, por causa da primariedade, improvisam, precipitam-se, desperdiçam a sua energia e às vezes caem na dispersão. São extrovertidas. Tendem a ser líderes, motivadas e produtivas. São também pessoas ativas, decididas, enérgicas, independentes e eficientes. Seus pontos negativos são: teimosia, intolerância, vaidade, insensibilidade e auto-suficiência.

Para melhor se relacionar com os coléricos, é indicado deixá-los liderar, aceitando suas diretrizes, afinal, eles vão estimular os que estão ao seu redor e vencer os obstáculos, entretanto, é preciso ajudá-los a melhorar na paciência e na sensibilidade, pois eles costumam ser impiedosos nas decisões e muito exigentes com quem lhes rodeia. Como são extrovertidos, você pode se beneficiar de sua alegre companhia, mas prepare-se para ouvi-los te dirigirem algumas criticas.

Os sanguíneos tendem a ser práticos e positivos, otimistas, afetuosos, sociáveis, flexíveis (às vezes demais), dispersos, cordiais, eufóricos e muito receptivos. Contagiam as pessoas ao seu redor, tendem a ter vários amigos e vida social abundante. São comunicativos e afáveis, simpáticos e compreensíveis. São também volúveis, indisciplinados, exagerados e medrosos. Em geral, tomam atitudes baseadas nos sentimentos, tendem a ter vontade fraca e dificuldade para terminar o que começam. Distraem-se facilmente e desperdiçam tempo e dinheiro.

É muito fácil se relacionar com os sanguíneos, afinal, são os mais companheiros e entusiastas, são “abertos”, cabe muita gente no seu grande coração. Você pode confiar neles, chamá-lo para festas, viagens e atividades sociais. Já no trabalho, se você for seu chefe, terá que pedir planejamentos e maior organização; eles devem ter metas claras e cumpri-las, pois sua tendência é a dispersão e a indisciplina. Mas eles vão se relacionar muito bem com as diferentes pessoas e alegrar o ambiente. Fique perto deles.

O fleumático é aquele que conserva sempre o mesmo estado de ânimo repousado e tranquilo. É reflexivo, calado e tende a trabalhar e divertir-se sozinho; muito ordenado (com freqüência é um maníaco da ordem), é também pontual, mas rígido no uso do tempo; é preocupado pela objetividade e exatidão de todas as coisas e tem muito senso comum. Tende a ser frio, lento, equilibrado e mantém as emoções sob controle. É capaz, eficiente e conciliador. É conservador e bem humorado, como também indeciso, desconfiado, introvertido e desmotivado.

O relacionamento com o fleumático deve ser cuidadoso e sereno, ele parece fechado, mas pode ser muito bom amigo, confidente e fiel. No trabalho, ele vai render, mas no seu ritmo. Provavelmente terá poucos amigos, geralmente, aqueles que percebem o seu valor, que não está tão à mostra, pois tende a ser introvertido. Parece desmotivado, pois é recluso, sua motivação e entusiasmo raramente são expostos. Tente aproveitar a sua leveza, a sua calma companhia.

É interessante ajudá-lo a se relacionar mais e sair da “concha”, a fazer atividades em equipe e a saber estar com as pessoas sem a sensação de estar perdendo tempo. É importante que ele se exercite na diligência ao tomar as decisões e não queira agir com certezas absolutas.

O melancólico é muito sensível, retraído, pessimista e procura o isolamento e a solidão. É também suscetível, rancoroso e difícil de se reconciliar; tende a ser inseguro e muito vulnerável, lento no trabalho, indeciso e introvertido. Tende a ser muito criativo e perfeccionista. É abnegado e, embora difícil de fazer amizades, quando faz um amigo é muito fiel e confidente. É também sensível, idealista e dedicado.

Para se relacionar com o melancólico, você precisa ser muito jeitoso (a), e, se quiser ser seu amigo (a), procure-o, mas não o decepcione, porque ele não vai se esquecer disso. Cuide quando for discordar dele, ele prefere que você não se oponha às suas ideias. No trabalho, suas tarefas serão minuciosamente bem realizadas; se você é o seu chefe, não se preocupe com isso. Se você for o seu colega, siga o seu exemplo. Conte seus segredos para ele com total despreocupação, ele não vai expô-lo (a).

Vale ressaltar que temperamento não é destino. Inclina, mas não determina. O que mais importa é buscar um contínuo desenvolvimento pessoal, se apropriando do melhor que o seu temperamento traz (afinal, é gratuito e já está com você) e ao mesmo tempo combater as más inclinações dele buscando o seu contraponto.

 

Lélia Cristina de Melo – Psicóloga clínica e orientadora familiar – CRP: 08/02909 | 3252-2163/99925-0926

 

 

 

 

 

 

 

    

 

  

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